sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Livro



São Paulo, 18 de Setembro de 2013.

Testar, ir para a rua, carregar, caminhar, andar...


Encontro com o Sr. Manoel – desenhar o amor da sua vida e esperar que ele apareça. Isso é recolher um sonho? Recolher é colher de novo? Ou é recolocar as coisas no lugar onde elas deveriam estar desde sempre?

O que é recolher?

Recolhedores... Livro de recordações!
Eu preciso guardar o que é importante. E o que é importante pro palhaço? Pode-se subverter a lógica dos outros e a sua própria.
Algo que precisamos contar, revelar, tornar público o que é privado. As informações vão sumir, então precisamos guardar! O que recolheremos? As importâncias que damos as coisas que não importam a mais ninguém! Ir para a rua com um livro de registros! Registrar a vida que passa por nós! Registrar o que as pessoas consideram importante, o que elas não querem que se perca nas lembranças... E registrar segundo nossa própria lógica! O que nos importa daquilo que importa pra elas? É esse o registro que faremos!





quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A teoria!!

São Paulo, 12 de setembro de 2013

Passagens – De onde eu vim e para onde vou? Chegadas e partidas! O que é o passaporte? Já é algo do ser estrangeiro...


Falamos um pouco do documentário sobre Marina Abramovic (O artista está presente). Ali tudo é encenado. A vida dela é encenada! Ela escolheu ter uma vida de representação. Há uma cisão entre a representação e atuação! Ela é uma persona que vive a sua representação, que escolheu viver a sua arte em tempo integral. Até mesmo no momento em que ela está doente, no documentário, tudo é representado – a roupa de cama, o modo de lidar com a sua própria dor... Atua o tempo todo!

Lemos: “CORPO CÊNICO, ESTADO CÊNICO” de Eleonora Fabião; “Ser fiel àquilo de que somos feitos. E de que somos feitos? O horizonte: uma linha de céu e de terra. O corpo: um horizonte vertical. Corpos: horizontes tocáveis. Céu e terra: partes do corpo.”

Estética relacional – Aqui há um ponto bem importante para discutirmos sobre o trabalho que fazemos nas ruas de SP... Como é se encontrar com as pessoas? Como se aproximar? Como é a recepção?  Para que não seja algo banal – cotidiano demais... Os dispositivos para abordagem é que devem ser pensados! O que pode ativar a memória das pessoas? Como? De quantas maneiras é possível? Quais sentidos podem servir como ponte de acesso? Afinal como é que eu registro um cheiro?

Mostrar imagens que provoquem memórias... Provocar uma sensação para depois elaborar o pensamento sobre a sensação! Será esse o caminho? Como pode ser a memória do momento presente? Como se registra a memória do espaço? E a que nos servem essas memórias? Como palhaços, como grupo, como pesquisa...? Porque é que a memória nos chama agora? O que a memória tem a ver com o palhaço?

De onde vem o carisma? É o prazer de estar aqui! – (Angela de Castro)

Quando não estamos falando com as pessoas, acabamos provocando um outro olhar sobre o palhaço. Há consciência do estado do “corpo” na rua, mesmo quando não abordamos as pessoas... Há uma ação sendo feita! Algo provoca as pessoas a se movimentar. Provocação a partir do espaço!

Qual a diferença entre performance e atuação? Pensemos!

Referências para entender o que é performance: Yves Klein (performer), Dramaturgia surrealista, Grupo Fluxus, “Brigadeiro de Colher” – Inhê Maria (grupo)


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Documentário Marina Abramovic


São Paulo, 11 de Setembro de 2013
Fizemos no dia 11/09 uma sessão filme e pipoca (tudo bem que só ficamos com o filme, e nada de pipoca) e o filme do dia foi o documentário do ano de 2010 da performer “Marina Abramovic -  Artista presente” um documentário proposto pela mestra Suzana Aragão, para nos alimentar na criação do nosso espetáculo/intervenção, com o Programa VAI 2013 dentro do Projeto “Trupe DuNavô descortina a rua”.

Esse documentário conta um pouco da carreira da artista e mostra trechos da performance “Artista Presente” onde Marina Abramovic permaneceu sentada, imóvel e em silêncio, sete horas por dia, seis dias por semana, totalizando 736 horas, em uma das performances com maior duração da história da arte. O visitante pegava uma senha para estar por alguns minutos diante dela. Praticamente imóvel, a artista fitava profundamente o estranho. A troca de emoções, apenas pelo o olhar, contagiava quem passava por perto, em momentos únicos capitados intimamente pelas câmeras. Lindos momentos onde se pôde ver pessoas de todos os tipos, raças, idades e crenças sentados ali, apenas trocando olhares.


Mas o que tem a ver palhaço com uma exposição no Museu de Arte Moderna (MOMA) Nova York? Pois é... Era isso que nos perguntávamos também ao assistir o documentário! Mas ai fomos nos apegando principalmente na obra que dá título ao documentário “Artista presente”, onde conseguimos relacionar muitas coisas com o nosso trabalho, começando pelo local onde ela estava: Nova York - uma cidade onde se corre 24h por dia, são turistas de todos os lados, 5º, 6º, 7º, centenas de avenidas, tudo corre, nada para, e ai vem uma artista e propõe essa quebra na rotina, esse olhar para si, esse silêncio no meio do corre- corre, essa parada para descortinar um outro lugar em si.
Bingo!! Chegamos onde queríamos! Nós nas ruas (embora com BEEEEM menos experiência que ela) procuramos também fazer essa quebra na rotina dos centros comerciais, procuramos encontrar, trocar, cantar e escutar pessoas. Esse documentário nos trouxe várias ideias e estímulos para irmos as ruas do centro comercial, com um novo olhar para ele e para as pessoas que nele estão!

Obrigada pela BRILHANTE contribuição, Senhora Marina Abramovic!

Veja: Trecho do documentário http://www.youtube.com/watch?v=OS0Tg0IjCp4

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Desculpe, agora não, estou ocupado!


São Paulo, 15 de agosto de 2013 – Santa Cecilia

Fazia frio, MUITO frio, mas lá partimos nós muito bem agasalhados para as ruas da Santa Cecilia, para mais um dia de intervenção do projeto do Programa VAI: “Trupe DuNavô descortina a rua!”
E a proposta dada pela mestra Suzana Aragão foi ir para a rua com palhaços  blazes”. Como seria isso? Essa figura que, normalmente, joga com o que as pessoas dão para ele na rua, que sempre tem uma carta na manga para subverter um pensamento lógico, que está sempre “disponível” para o respeitável público... Naquele dia não pode dar atenção a ninguém, não tinha tempo, estava resolvendo assuntos muito mais sérios e importantes, não podia simplesmente tocar uma música ou então acenar em resposta a um cumprimento vindo do outro lado da rua!

Pois é... Assim fomos para a rua, e não podíamos falar com ninguém, essa era a regra da brincadeira! Ouvíamos ao longe: “Ei palhaço, tudo bom?” e nós muito sérios respondíamos: “Não posso falar com você agora, estou muito ocupado, me desculpe”.

Foi curiosa essa relação criada, pois em nosso dia a dia todos estão acostumados a ignorar as pessoas e sempre dizer não! “Agora não posso! Agora não quero!” Mas quando alguém recebe um NÃO de um palhaço, imediatamente se coloca em um outro lugar, ela fica num estado de curiosidade latente, é como se dentro dela algo dissesse: “Mas espera ai... porque eles não querem falar comigo?” E ai ela começa a observar para entender o que esses palhaços estão fazendo de tão importante que não podem responder ao seu aceno de “oi”.

Foi assim que começamos a descortinar a rua e as pessoas que nela passam! As pessoas param de fazer o que estão fazendo no momento para ver o que  três figuras tão ocupadas estão fazendo de TÃO importante... E em alguns momentos até se formou uma plateia, pois as pessoas paravam para entender o que estávamos discutindo, e eis que ai veio a surpresa: nos descobrimos exímios pensadores dos pensamentos mais bobos, e entre nós três discutimos os mais diversos assuntos, desde a gravidade do planeta Terra até a terrível questão: “o avião tem asa e voa, a galinha tem asa e não voa por que?”


Foi interessante perceber a reação das pessoas ao verem três palhaços, ali enfurnados em “seu mundinho”, discutindo coisas que para elas não fazia o menor sentido.


Ideias... e mais ideias...



 

 
 
 



terça-feira, 1 de outubro de 2013

Homem Bala



São Paulo, 2 de Agosto de 2013


Outro campo
Outra Linguagem
Outro corpo
Outro estado
Outro tempo

Tudo só

Sem um outro 
Eu x eles
Balas
Bilhetes
Antigo centro

Um Homem
Uma Multidão
Tempos Distintos
Desencontros
Esbarrões

Questões

Louco
Terrorista
Lunático
Viajante
Artista

Um vácuo
Um respiro
Um suspiro
Uma bala 
Uma Bomba

Bum

Escuro
Neblina
Silencio
Destroços
Feridos

Tudo na mesma!

*Reflexão a partir de uma performance sugerida por Caco Mattos no bairro do Brás. A proposta consistia em um homem vestido de branco com bombons pendurados em sua roupa, junto com trechos de poemas, caminhando nas ruas, sem buscar uma relação direta com o público.










quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Brrrrrrr que frio é esse?


São Paulo, 24 de julho de 2013

“Ventava, fazia frio em São Paulo.
Fazia frio em São Paulo...
Nevava.”
(Carlos Drummond de Andrade)

Sensação térmica: menos sangue circulando nas mãos do que o necessário para mantê-las funcionando.

Temperatura da rua: muito, muito, muito gelado mesmo!

Levamos dezenas de casacos nas mochilas, estávamos prontos para ir às ruas enfrentar aquilo que mais parecia ser uma nevasca no centro de SP, mas ao chegarmos na Santa Cecília percebemos que não havia ninguém nas ruas... Era como se fosse cair neve do céu a qualquer momento e ninguém estivesse preparado para, ou disposto a, enfrentar aquele tempo. Depois de andarmos pelos arredores do metrô e nos reunirmos com a nossa mestra, decidimos que o melhor era cancelar esse dia de intervenção, pois não havia sentido em ir para a rua com aquele tempo.

Então ficamos (cheios de malas) fechados dentro do Folias discutindo questões técnicas e burocráticas... O mal tempo nos trouxe a oportunidade de discutir os tempos futuros, analisar o que seria feito daqui para frente e levantar uma lista do precisaríamos para concretizar tais planos...

E se fizéssemos um livro? Um livro enorme... Para que? Para recolhermos tudo aquilo que queríamos recolher; lembranças, sonhos, vontades, histórias, sombras... E se fossemos recolhedores? Recolhedores de coisas valiosas que ninguém dá valor e nem para pra avaliar! Porque se todas as coisas registradas no mundo virtual se perdessem num grande bug nós ainda teríamos algum registro. Hum... Gostamos!!! Gostamos muito! Quem pode fazer o livro? De que material? Quando começamos? Onde compramos? A verba vai dar? Precisamos fazer um como teste...

Quanta coisa! Ainda bem que fez frio, porque assim pudemos por tudo no papel e discutir cada vírgula escrita ali. Ainda bem que temos papel! Ainda bem que teremos um livro...

(...continua)




quinta-feira, 25 de julho de 2013

Cecília o santo bairro...

Santa Cecília 19 de julho de 2013.
Sol lá fora...

Ir para a rua como todos os dias, ir ao mesmo destino, só que ir por outro caminho!

Se fomos sempre por ali, por que hoje não ir por lá? Por que não experienciar fazer o caminho mais longo, só por hoje?

Andamos pelo outro lado, vimos outras pessoas e perguntamos sobre Cecília, afinal quem foi Cecília? Que santa é essa que dá nome ao bairro? Que bairro é esse que tem nome de santa? Bairro profano, cheio de cortiços e cantos escondidos, cheio de gente renegada e esquecida pela sociedade, cheio de gente bonita e de gente feia, cheio de gente que é gente. Gente como a gente e gente diferente da gente! Gente!!!


E gente fala, né?  Não sabíamos que a Santa Cecília tinha tanta história...

A Dona Leris nos disse até quais são os melhores comércios pra ir e onde está o corpo de Cecília. E nós que pensávamos que ela ainda estava na Itália, que nada. Está bem ali no... Xiu, não fala alto! Quem quiser muito saber é só perguntar pra Dona Leris, ela sabe tudo e conhece todo mundo da Santa. Conhece até o moço sentado atrás de nós, ele trabalha no banco do brasil, mas não tem orgulho, então não quer falar disso.

Tem tanta história a santa que dá vontade de sentar e ficar ouvindo a tarde toda. Sabia que a Cecília compra móveis usados? E que ela gosta de música? E que ela é santa dos músicos e dos casais noivos? É tanto informação que dá tontura... Ás vezes os fatos se contradizem, porque cada um conta o que quer, ou melhor, o que sabe da história. E ai em nós vão se juntando os relatos e formando um único fato...

Hum... Isso nos deu uma ideia!

Aguardem...



quarta-feira, 17 de julho de 2013

PrivatizAção!

26 de junho de 2013
Encontro da Trupe com Caco Mattos


Enxurrada de informações, referências, textos, artistas, autores... Muito o que pensar!
As horas passam voando e ainda há muito o que ver. Mas por hora vamos contar-lhes como chegaram para nós as coisas, assim... Como uma enxurrada...

Mais do que referências o que se fixou foram as inquietações sobre a privatização das coisas... Como é se apropriar dos monumentos ditos públicos, mas que são privados? E porque algo público é fechado ao público?

O que é publico é do pobre, o que é privado não. Escola pública é escola pra pobre!” As afirmações que nos afirmam os preconceitos nossos de cada dia...

A arte deve dialogar com o espaço em que está sendo realizada. Afinal, o que é espaço publico?
A arte na rua precisa defender ou questionar, ou protestar? Ela tem que ter uma OPINIÃO?

Nos lugares públicos existem as pessoas invisíveis. Sabe, aquelas pessoas que fazem tudo funcionar e que fingimos ignorar a existência? O porteiro, a arrumadeira, o gari, o segurança... Invisíveis!

Há também os Espaços invisíveis. E como é que se faz pra perceber os espaços que a gente não percebe normalmente? Quais as possibilidades de relação com o espaço? Como evidenciar o espaço e tudo que ele contém? Como se intervém no que não está evidenciado – enquanto espaço?

Cheiros da cidade. Existem lugares que contém seus próprios cheiros... Cheiros que estão normalmente associados a lembranças. Evidenciar tudo aquilo que não quer ser visto!

O palhaço ás vezes assusta também por isso, não é? Porque ele põe lupa sobre coisas que a gente não quer ver. A miséria, o caos, os “marginais”... E revela o outro lado dessas pessoas e lugares.

E se tornássemos um espaço público em um espaço privado? O que isso causaria nas pessoas? Será que elas perceberiam?

O espaço público está em crise! O que é publico e o que é privado? Aquilo que é dito publico, como monumentos, fica cercado para que nada e ninguém os toque.

O artista não é aquele que pensa para que outras pessoas façam. Ele é o cara da prática!

A arte não é só colocar algo decorativo, é revelar que o espaço é mutante e vivo.
Podemos converter o lugar de transito em um lugar de experiência! Como você se coloca em experiência a partir daquele espaço?

Problematizar a relação das pessoas com o espaço... Espaço publico e espaço interno também!
Tudo que é espaço pode ser preenchido (ou esvaziado).
Provocar as relações estabelecidas a partir de um espaço... Porque no fim existimos a partir de onde estamos! O espaço muda o comportamento das pessoas. É só pensar nas diversas linhas de metrô... Nas regiões da cidade. E como nos comportamos de maneira diferente em cada lugar que frequentamos...

Como se pensa a mobilidade urbana sem destruir o que era natural (no sentido de natureza)? O lucro é que manda nas relações urbanas, arquitetônicas, organizacionais... A árvore custa mais do que a fachada do banco, porque não rende nada (financeiramente) a cidade! Então as árvores são cortadas sem questionamentos, porque nessa lógica capitalista é ela que está no lugar errado!

A gente não percebe as coisas que vão sendo tiradas de nós na cidade. Vamos sendo levados no fluxo, perdendo a memória do que é a cidade de verdade. E ai como dizia o poeta: “A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! (…) Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado...

A não apropriação do espaço público é outra questão. Ele vira um espaço somente utilitário, onde eu vou somente para utilizar por um determinado tempo e depois sou obrigado a sair, porque é publico – e sendo assim eu não posso usar quando eu quiser. São espaços que precisam ser “cuidados”, cercados, protegidos para que ninguém use de forma errada e o danifique.
O homem na cidade é obrigado a se organizar ao maquinário urbano. O homem é moldado à cidade e não o contrário! Pena!

A intervenção suscita outro olhar que não o que está programado!
Você já andou na outra calçada? Você já procurou ir para o mesmo local por outros caminhos? Você já olhou hoje a estátua como ela está? 
Nos perguntamos como puxar o olhar das pessoas para o que é invisível? E como puxar o olhar para o que é pra ser muito visível – espetacular?

Como é que eu sou o que as pessoas deixaram no caminho... O passante? O que queremos saber das pessoas? Como provocá-las a ver o novo no de novo?

O que interessa é o entre...


Toda mudança ameaça a estabilidade?
Para viajar basta existir!
Não faça do hábito um estilo de vida!
Experimente coisas novas! Mude! O mais importante é a mudança!
Edson Marx – poeta brasileiro



 



terça-feira, 9 de julho de 2013

Trupe DuNavô no SESC Belenzinho

Extra! Extra!
Domingo agora dia 14/07 e no domingo dia 28/07 sempre ás 16h terá  Trupe DuNavô
Venham, Venham TODOS
Será na Área de Convivência

É  só Chegar...



Nos vemos lá...

=0)

http://www.sescsp.org.br/programacao/5368_E+TUDO+UMA+PALHACADA


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Camelo Urbano e DuNavô



São Paulo, 31 de maio de 2013

Manhã fria, nublada, com cara de chuva.

Quatro camelos entre em nós. 
Nós: -Prazer, Trupe DuNavô!
Eles: -Prazer, Camelo Urbano!
Nós: -Camelo Urbano? Que diferente, de onde vem esse nome?

Muita história a ser contada...

Nós: -Quem são vocês? Ah, querem saber quem somos nós? Qual é o projeto? 

Nós: -É, encontros! É a isso que se resume o nosso projeto e as nossas vontades. Tem coisa mais importante na vida do que os encontros? E pensar que cada um aqui nasceu de um encontro... Olha, se deixar vamos ficar aqui falando sobre encontros o dia todo... Sabe que tem um poema, não me lembro bem de quem é, mas que diz que “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro nessa vida”. É bonito, né?! O nosso projeto é entender e mergulhar na potência dos encontros que a vida nos oferece.


Começamos o dia nos contando, e contar é se ver, é pôr os olhos sobre si mesmo pra entender quem se é, a partir de quem se foi.

E falando começamos a relembrar encontros. E ouvindo fomos descobrindo aquele encontro que se oferecia numa manhã chuvosa nos arredores da Santa Cecília... Não vamos falar aqui sobre o projeto do Camelo Urbano – isso seria indiscreto da nossa parte, ficar aqui contando que o projeto deles é sobre intervalos, que eles querem pesquisar o que acontece nos intervalos das vidas – o trajeto entre casa e trabalho, casa e escola, etc. Não poderíamos ficar aqui dizendo que o projeto deles é se debruçar sobre isso. Afinal, o projeto é deles.

Vimos alguns vídeos e falamos sobre intervenções, sobre clown clandestino, sobre ir à rua e o que as pessoas esperam de nós. E também sobre o que esperamos das pessoas. Chegamos a conclusão de que expectativas podem gerar frustrações, então resolvemos ir ás ruas tentando não criar expectativas sobre a nossa presença. Vestimo-nos, os sete, de um jeito que não fosse chamar, já de cara, muita atenção... Mas obviamente, sete palhaços andando juntos chamam atenção querendo ou não!
A mestra propôs que mantivéssemos um corifeu fixo – sabe corifeu? Aquele cara que se destaca do coro e vira o “líder”? A mestra indicou a Pamplona, que odiou a ideia, porque acredita que não sabe mandar, ai nós rimos e ela nos mandou ficar quietos e segui-la. A seguimos pela rua, brincando de paralisar instantes. E como é difícil descobrir o instante exato de fazer algo juntos, os impulsos ás vezes são puxados para lados diferentes. E o líder foi sendo ignorado e se esquecendo de liderar... Liderar é difícil! Exige lembrança de que há alguém esperando ser liderado e é uma linha tênue que separa liderados e liderança...

Precisaremos nos dedicar mais a esse assunto num próximo dia, é um tema que pede para ser explorado com mais tempo. E tempo a gente só vai ter num próximo encontro!
Esse encontro acabou, corremos pro Galpão do Folias, tentando ser o mais rápidos possível. Mesmo com os faróis que se fechavam,  bebês que nos paravam, os poetas de rua, os carros que precisavam ser empurrados, conseguimos voltar a tempo para o nosso tempo previsto.

Nos reunimos, trocamos breves relatos da sensações do dia e desse encontro e nos despedimos.

Quanta coisa acontece depois das despedidas?

Bom, isso é assunto para outro texto!