26 de junho de 2013
Encontro da Trupe com Caco Mattos
Enxurrada de informações, referências, textos, artistas, autores... Muito o que
pensar!
As horas passam voando e ainda há muito o que ver. Mas por hora vamos
contar-lhes como chegaram para nós as coisas, assim... Como uma enxurrada...
Mais do que referências o que se fixou foram as inquietações sobre a
privatização das coisas... Como é se apropriar dos monumentos ditos públicos,
mas que são privados? E porque algo público é fechado ao público?
“O que é publico é do pobre, o que é privado não. Escola pública é escola pra
pobre!” As afirmações que nos afirmam os preconceitos nossos de cada dia...
A arte deve dialogar com o espaço em que está sendo
realizada. Afinal, o que é espaço publico?
A arte na rua precisa defender ou questionar, ou protestar?
Ela tem que ter uma OPINIÃO?
Nos lugares públicos existem as pessoas invisíveis. Sabe,
aquelas pessoas que fazem tudo funcionar e que fingimos ignorar a existência? O
porteiro, a arrumadeira, o gari, o segurança... Invisíveis!
Há também os Espaços invisíveis. E como é que se faz pra
perceber os espaços que a gente não percebe normalmente? Quais as
possibilidades de relação com o espaço? Como evidenciar o espaço e tudo que ele
contém? Como se intervém no que não está evidenciado – enquanto espaço?
Cheiros da cidade. Existem lugares que contém seus próprios
cheiros... Cheiros que estão normalmente associados a lembranças. Evidenciar
tudo aquilo que não quer ser visto!
O palhaço ás vezes assusta também por isso, não é? Porque ele põe lupa sobre
coisas que a gente não quer ver. A miséria, o caos, os “marginais”... E revela
o outro lado dessas pessoas e lugares.
E se tornássemos um espaço público em um espaço privado? O que isso causaria
nas pessoas? Será que elas perceberiam?
O espaço público está em crise! O que é publico e o que é
privado? Aquilo que é dito publico, como monumentos, fica cercado para que nada
e ninguém os toque.
O artista não é aquele que pensa para que outras pessoas façam. Ele é o cara da
prática!
A arte não é só colocar algo decorativo, é revelar que o espaço é mutante e
vivo.
Podemos converter o lugar de transito em um lugar de
experiência! Como você se coloca em experiência a partir daquele espaço?
Problematizar a relação das pessoas com o espaço... Espaço
publico e espaço interno também!
Tudo que é espaço pode ser preenchido (ou esvaziado).
Provocar as relações estabelecidas a partir de um espaço...
Porque no fim existimos a partir de onde estamos! O espaço muda o comportamento
das pessoas. É só pensar nas diversas linhas de metrô... Nas regiões da cidade.
E como nos comportamos de maneira diferente em cada lugar que frequentamos...
Como se pensa a mobilidade urbana sem destruir o que era
natural (no sentido de natureza)? O lucro é que manda nas relações urbanas,
arquitetônicas, organizacionais... A árvore custa mais do que a fachada do
banco, porque não rende nada (financeiramente) a cidade! Então as árvores são
cortadas sem questionamentos, porque nessa lógica capitalista é ela que está no
lugar errado!
A gente não percebe as coisas que vão sendo tiradas de nós na
cidade. Vamos sendo levados no fluxo, perdendo a memória do que é a cidade de
verdade. E ai como dizia o poeta: “A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! (…) Quando se
vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado...”
A não apropriação do espaço público é outra questão. Ele vira
um espaço somente utilitário, onde eu vou somente para utilizar por um
determinado tempo e depois sou obrigado a sair, porque é publico – e sendo
assim eu não posso usar quando eu quiser. São espaços que precisam ser
“cuidados”, cercados, protegidos para que ninguém use de forma errada e o
danifique.
O homem na cidade é obrigado a se organizar ao maquinário
urbano. O homem é moldado à cidade e não o contrário! Pena!
A intervenção suscita outro olhar que não o que está
programado!
Você já andou na outra calçada? Você já procurou ir para o
mesmo local por outros caminhos? Você já olhou hoje a estátua como ela
está?
Nos perguntamos como puxar o olhar das pessoas para o que é invisível? E como
puxar o olhar para o que é pra ser muito visível – espetacular?
Como é que eu sou o que as pessoas deixaram no caminho... O
passante? O que queremos saber das pessoas? Como provocá-las a ver o novo no de
novo?
O que interessa é o entre...
Toda mudança ameaça a estabilidade?
Para viajar basta existir!
Não faça do hábito um estilo de vida!
Experimente coisas novas! Mude! O mais
importante é a mudança!
Edson Marx –
poeta brasileiro