quarta-feira, 17 de julho de 2013

PrivatizAção!

26 de junho de 2013
Encontro da Trupe com Caco Mattos


Enxurrada de informações, referências, textos, artistas, autores... Muito o que pensar!
As horas passam voando e ainda há muito o que ver. Mas por hora vamos contar-lhes como chegaram para nós as coisas, assim... Como uma enxurrada...

Mais do que referências o que se fixou foram as inquietações sobre a privatização das coisas... Como é se apropriar dos monumentos ditos públicos, mas que são privados? E porque algo público é fechado ao público?

O que é publico é do pobre, o que é privado não. Escola pública é escola pra pobre!” As afirmações que nos afirmam os preconceitos nossos de cada dia...

A arte deve dialogar com o espaço em que está sendo realizada. Afinal, o que é espaço publico?
A arte na rua precisa defender ou questionar, ou protestar? Ela tem que ter uma OPINIÃO?

Nos lugares públicos existem as pessoas invisíveis. Sabe, aquelas pessoas que fazem tudo funcionar e que fingimos ignorar a existência? O porteiro, a arrumadeira, o gari, o segurança... Invisíveis!

Há também os Espaços invisíveis. E como é que se faz pra perceber os espaços que a gente não percebe normalmente? Quais as possibilidades de relação com o espaço? Como evidenciar o espaço e tudo que ele contém? Como se intervém no que não está evidenciado – enquanto espaço?

Cheiros da cidade. Existem lugares que contém seus próprios cheiros... Cheiros que estão normalmente associados a lembranças. Evidenciar tudo aquilo que não quer ser visto!

O palhaço ás vezes assusta também por isso, não é? Porque ele põe lupa sobre coisas que a gente não quer ver. A miséria, o caos, os “marginais”... E revela o outro lado dessas pessoas e lugares.

E se tornássemos um espaço público em um espaço privado? O que isso causaria nas pessoas? Será que elas perceberiam?

O espaço público está em crise! O que é publico e o que é privado? Aquilo que é dito publico, como monumentos, fica cercado para que nada e ninguém os toque.

O artista não é aquele que pensa para que outras pessoas façam. Ele é o cara da prática!

A arte não é só colocar algo decorativo, é revelar que o espaço é mutante e vivo.
Podemos converter o lugar de transito em um lugar de experiência! Como você se coloca em experiência a partir daquele espaço?

Problematizar a relação das pessoas com o espaço... Espaço publico e espaço interno também!
Tudo que é espaço pode ser preenchido (ou esvaziado).
Provocar as relações estabelecidas a partir de um espaço... Porque no fim existimos a partir de onde estamos! O espaço muda o comportamento das pessoas. É só pensar nas diversas linhas de metrô... Nas regiões da cidade. E como nos comportamos de maneira diferente em cada lugar que frequentamos...

Como se pensa a mobilidade urbana sem destruir o que era natural (no sentido de natureza)? O lucro é que manda nas relações urbanas, arquitetônicas, organizacionais... A árvore custa mais do que a fachada do banco, porque não rende nada (financeiramente) a cidade! Então as árvores são cortadas sem questionamentos, porque nessa lógica capitalista é ela que está no lugar errado!

A gente não percebe as coisas que vão sendo tiradas de nós na cidade. Vamos sendo levados no fluxo, perdendo a memória do que é a cidade de verdade. E ai como dizia o poeta: “A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! (…) Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado...

A não apropriação do espaço público é outra questão. Ele vira um espaço somente utilitário, onde eu vou somente para utilizar por um determinado tempo e depois sou obrigado a sair, porque é publico – e sendo assim eu não posso usar quando eu quiser. São espaços que precisam ser “cuidados”, cercados, protegidos para que ninguém use de forma errada e o danifique.
O homem na cidade é obrigado a se organizar ao maquinário urbano. O homem é moldado à cidade e não o contrário! Pena!

A intervenção suscita outro olhar que não o que está programado!
Você já andou na outra calçada? Você já procurou ir para o mesmo local por outros caminhos? Você já olhou hoje a estátua como ela está? 
Nos perguntamos como puxar o olhar das pessoas para o que é invisível? E como puxar o olhar para o que é pra ser muito visível – espetacular?

Como é que eu sou o que as pessoas deixaram no caminho... O passante? O que queremos saber das pessoas? Como provocá-las a ver o novo no de novo?

O que interessa é o entre...


Toda mudança ameaça a estabilidade?
Para viajar basta existir!
Não faça do hábito um estilo de vida!
Experimente coisas novas! Mude! O mais importante é a mudança!
Edson Marx – poeta brasileiro



 



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