quinta-feira, 26 de julho de 2012

Dezoito de Julho... a Trupe nas Ruas de Santana

Reencontrar... O ato de viver novamente aquele encontro.  É isso? Não sei, pois cada encontro é um novo, não somos os mesmos a encontrar e aqueles que encontramos já não são os mesmos a passar por nós também. Somos eternos rios, com águas correntes e por isso mesmo mutantes... A vida é um constante movimento.
Bom, filosofias a parte, vamos falar desse dia de intervenção na Rua Dr. César. Aliás, começamos esse relatório desse jeito porque esse foi um dia de reencontros. Conforme nossa querida Dona Denise pediu no último dia em que nos vimos, revelamos nossa foto juntos, colocamos em um simples porta retrato e com uma fita laçamos nossa amizade. Saímos do nosso percurso do dia, e fomos a caça da senhora que nos desvendou as estrelas. Como de costume, encontramos dona Denise sentadinha entregando panfletos, ela nos recebeu com um lindo e sincero sorriso, conversamos um bocadinho e quando ela menos esperava entregamos a sacolinha com a surpresa. Dona Denise brilhou os olhos e em um tom suave disse: Essa noite sonharei com vocês!
Agora sim, missão comprida e coração cheio, seguimos em direção a Rua Dr. Cesar, em meio a muitos reencontros com o pessoal das lojas da Rua Voluntários da Pátria conhecemos o pequeno Pedro, um menino muito simpático que acompanhava sua mãe. Ele tinha um lindo e bem cuidado black power. Ele nos viu descendo a rua, nos cumprimentou e um tempo depois voltou para tirar uma foto e até se aventurou a tocar a sanfona no lugar da Pamplona – ficamos tentados a fazer uma substituição, mas Pedro achou o instrumento deveras pesado.




Conhecemos duas senhoras velhinhas – gêmeas – uma delas tinha sido cantora lírica. Imagine o quanto nos sentimos honrados com esse encontro... Ah, falando em honra, nesse dia conhecemos também o Sr. GPS – ele trazia em sua carroça de catar papel um mapa da cidade inteira, com ele não era possível se sentir perdido.  E sabe quem nos achou? A Dona Neide, que conhecemos no primeiro dia de intervenção desse projeto. Ela nos recebeu com um grito e um imenso sorriso nos lábios: -Ahhhhhhhhhhh, vocês por aqui.
Nos lembrávamos do rosto dela, mas o nome nos fugia a memória. “-Nossa, a senhora por aqui, que prazer. Mas como é seu nome mesmo? Calma, vamos lembrar. Qual a primeira letra?
-A primeira letra?
-É! Só a primeira...
-A primeira... é Neide!”
Rimos e nos abraçamos. Até hoje não sabemos qual é o nome dela, mas já sabemos que a primeira letra é Neide, então pra facilitar resolvemos chama-la de Neide.  E a dona Neide nos chamou de artistas, fez questão de chamar todo mundo pra nos ver. Disse que fazíamos teatro, então pra não decepcioná-la encenamos, ali naquela calçada mesmo, a peça: Dona Fulaninha em Trair e coçar é só começar! Estrelando Dona Fulaninha e Aquela Outra.
Peça que foi sucesso absoluto de público e crítica!
Encerramos nosso dia cheios de lembranças... Foi um prazer... Como sempre!
Ahhh, também marcamos um encontro pra uma próxima vez com uma garotinha chamada Olivia – que nos ordenou que a encontrássemos ali quando ela passasse de novo. E estaremos lá! Só falta saber se ela vai nos reconhecer e se será a mesma... Hoje em dia criança cresce rápido né? Minha vó sempre dizia isso: “hoje em dia criança cresce rápido!” E acho que a vó dela já dizia isso nos dias dela. Acho que, na verdade, “hoje em dia” é que sempre passa corrido pela gente sem que percebamos que continuamos criança por dentro... Sei lá, a gente nunca sabe ao certo nada, né? 

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