A Mestra!!! |
.Ruas da Santa Cecília.
Massagem pra começar. Caminhem, se olhem. Ninguém manda,
percebam!
Duplas. Dois cegos e dois que veem. Um guia o outro.
-É sonâmbula? Leva ela na Igreja?
E lá fomos nós. O mundo se transforma quando os olhos se fecham. Dá medo, mas ai vem a lembrança de que a mão que me guia é de confiança.
Subimos uma montanha até chegar a igreja. Chuto um degrau. Dói o dedo. Mas ouço os passarinhos e tudo passa. Na porta da Igreja tinha uma gaiola de pássaros. Uma imensa gaiola de pássaros. Vamos descer! Descer? Toda aquela escadaria? Não! Não! Não! É um abismo! Se subir, foi difícil, descer será terrível. Medo. Muito medo. Mas calma, respiro. É a Samara que me guia. É a Samara, respiro fundo e a sigo degraus a baixo, tendo que me dizer a cada passo dado que: “é a Samara”.
E lá fomos nós. O mundo se transforma quando os olhos se fecham. Dá medo, mas ai vem a lembrança de que a mão que me guia é de confiança.
Subimos uma montanha até chegar a igreja. Chuto um degrau. Dói o dedo. Mas ouço os passarinhos e tudo passa. Na porta da Igreja tinha uma gaiola de pássaros. Uma imensa gaiola de pássaros. Vamos descer! Descer? Toda aquela escadaria? Não! Não! Não! É um abismo! Se subir, foi difícil, descer será terrível. Medo. Muito medo. Mas calma, respiro. É a Samara que me guia. É a Samara, respiro fundo e a sigo degraus a baixo, tendo que me dizer a cada passo dado que: “é a Samara”.
Ufa, não há mais degraus. Mas sinto o sol. Logo ali, depois de passarmos pelas galinhas.
Galinhas? Que galinhas? Andamos no meio da rua, ouço os carros, os passos, o
riso que não se contém do meu lado, saltos altos, meu pé pisando o chão.
Chegamos. Não sei onde, mas chegamos! Abro os olhos e não há pássaros, nem
galinhas... São pombas.
Trocamos. Eu conduzo a Samara. Não digo nada. Quanto medo.
Meu Deus, quanto medo. Ela anda como se fosse bater a cada centímetro. Andamos
de costas, corremos, andamos lentamente, de lado, de frente... Andamos! Medo!
Medo! Muito medo! Não digo nada. Respiro fundo pra lembrá-la de respirar. Ela
respira e anda. Rio. Rio do medo. Rio dela, rio de mim e de nós. A gente tem
medo pra burro da vida!
Voltamos!
Roupas, maquiagens, cabelos... Ah, meu cabelo foi mexido.
Riram de mim! Sou levada até o espelho, tenho até uma franja: “Você é muito
bonita, não pode! Tem que ter alguma coisa feia! Tem que quebrar!” Aceito. Mas
não me acho muito diferente do que faço. Mas o espelho deve ser o outro... E eu
acredito nesse espelho!
Narizes no lugar dos
narizes.
Caminhem, se olhem. Ninguém manda! Não é, Rolha? Opa, tem
alguém mandando! Prazer! Elisa Betana, Claudius do Latim, Pamplona e Rolha. A
Senhora é? Ah, Suzana! A mestra!
Andamos! Paramos! Andamos! Paramos! Sim-tonia!
Fomos às ruas... Tudo diferente. Todos diferentes! Corremos,
esbaforidos, parecendo bichos soltos no zoológico.
-Hei, para tudo! Estamos acelerados demais. Não consigo
assim!
Respiramos! Ah, agora estamos lá de verdade! Eu cheguei!
Eles chegaram! Eis o “X” da questão! Nossa, não é que existe um X bem ali entre
nós mesmos. Deve ser uma bomba diz a moça passando. E há vários “X”s espalhados
na calçada. Deve ser ataque terrorista. Corremos!!!
Olha só, tem um cara distribuindo fotos e pedindo votos.
Vamos lhe dar dinheiro! A Rolha quer trocar dinheiro por dinheiro. Ele
concorda, promete que troca. Mas na hora “H” não cumpre.
-ESSE CARA AQUI, PROMETE, MAS NÃO CUMPRE!
Devolvemos as fotos, pegamos nosso dinheiro de volta e então
ele quis me beijar. Ali, no meio da rua, sem nem me oferecer flores e bombons
antes. Ora, ora, ora... Que folgado. ?Isso é assédio! Claudius se ofereceu para
beijá-lo em meu lugar. Os homens não têm tanto romantismo quanto as mulheres
nessas horas. Mas ele recusou o beijo do Claudius. Só porque ele não é loiro,
preconceituoso viu. Sai de lá prometendo processá-lo por assédio e danos morais
e materiais. Mas tratando com político, fiz politicagem e também não cumprirei
minha promessa, só de birra!
A Rola conheceu uma senhora, chamada Garrafa (nome
pitoresco, não?) e juntas fizeram um número rápido, aliás, foram dois números:
o “01” e o “10”. Foi um encontro casual que rendeu esse breve numeral!
Andamos, andamos, andamos...
E então a mestra nos encontrou e disse que tínhamos que
fazer o caminho de volta em dez minutos, só podendo parar se algo muito
importante nos chamasse a atenção – tínhamo-no feito em 45. Rolha e eu
conseguimos – graças a minha tese de que as pessoas sempre te cumprimentam se
você só sorrir para elas e acenar com a cabeça. Essa tese nos fazia passar por
todo mundo de maneira acelerada e só parar para sorrir. Todo mundo nos
cumprimentou! Ficamos mais importantes na volta do que na ida – quando
parávamos e dávamos “boa tarde” pra cada um.
Chegamos ao Folias e percebemos que havíamos deixado o
Claudius, a Pamplona e a mestra pra trás. Então lá na porta conhecemos o pai do
Elvis – um senhor que mora ali nos arredores do Folias e que nunca viu uma peça
por lá. Ele nos contou toda a sua vida, enquanto Claudius, Pamplona e Suzana
não chegavam. A gente sempre pode fazer um amigo se estiver parado na porta de
um teatro e sorrir pra alguém...
Um tempo depois o
Claudius passou por nós correndo, entrou no teatro e saiu de lá com bolo e
café, não entendemos nada, mas como quem corre tem pressa, não o interpelamos.
Depois chegou a mestra com a Pamplona e nos mandou entrar!
O Claudius ficou ainda um tempão desaparecido. Sumiu no
mundo porque encontrou um cara que, pro mundo, não existia e ai eles sumiram
juntos debaixo de um viaduto, numa conversa que só eles podem contar...
Gislaine Pereira
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